segunda-feira, 12 de março de 2012

Conto da Ilha Desconhecida


monasterio del piedra,  © laurindo almeida, 2001





"gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar" José Saramago in Conto da Ilha Desconhecida


Nunca conhecemos tudo, a humildade é uma caraterística associada ao conhecimento já que cada nova pequena descoberta, abre um nova miriade de aspetos a descobrir que até então não eram percetiveis.
Vem isto a propósito das obras de José Saramago, o nosso único prémio nobel da literatura e infelizmente já desaparecido. Se pensávamos conhecer ou ter ouvido falar de todas as suas obras, somos surpreendidos, numa livraria da cidade, por uma amiga do Brasil, que nos pergunta se já lemos o "Conto da Ilha Desconhecida" deste autor. Surpresos, incrédulos mesmo, quetionamos se era uma obra publicada a título póstumo. Que não, que era uma obra antiga e cuja leitura muito a tinha tocado. Questionado o livreiro eis que aparece com os 2 exemplares que ainda tinha na livraria. Livro pequeno, mesmo muito, um pequeno romance neste caso em 4a. edição de 2010 da caminho, desta obra de 1999 com ilustrações de Bartolomeu dos Santos, tem apenas 45 páginas, nas quais a obra ocupa apenas 36 e em corpo bem "corpolento". Leu-se num ápice, numa esplanada da foz do douro, abençoados pela luz solar num dia quente de Março, como (quase) todas as escritas de Saramago é arrebatador e só se consegue largar quando se acaba, a menos que alguma obrigação da dita civilidade humana nos obrigue a uma interrupção involuntária.
è um conto sobre as utopias que fazem o nosso quotidiano, mas é também um conto sobre o amor, sobre a vontade humana e sobre a organização da sociedade, não consultamos para este escrito a bola de cristal (Google e cia) para nos acultorarmos sobre o livro, até porque cada vez sentimos menos vontade de o fazer, de criar frases e ideias feitas por alguém, vale mais a pena sermos nós próprios a pensar e escrever, sem claro ignorar os "estados da arte" ... vale seguramente a leitura e até desculpamos esta necessidade do happy end que parece ser mais comercial mas sem o qual a mensagem do livro não seria tão conseguida.
Obrigada Dula Lima pelo livro.

1 comentário:

Dula Lima disse...

Caro Laurindo. Apesar do "comercial" inevitável no mundo que vivemos, ainda assim Saramago e sua peculiar visão me encanta, sobretudo nesse livro. Sou adepta das utopias no melhor sentido que isso possa ter, como Mário Quintana, meu poetinha querido. Obrigada pelas ricas trocas que o clã Almeida me tem proporcionado. Que continuem somando e fazendo muitos bons momentos nessa busca pela ilha desconhecida.